Opinião Política – Alexandre Nascimento (Partido Aliança)
Andamos a brincar com a vida dos mais velhos!
Se há uma coisa, de entre muitas outras, que esta terrível pandemia veio evidenciar foi a fragilidade dos mais velhos no que diz respeito aos cuidados de saúde. Quando o problema se instalou, cedo se percebeu qual é, neste momento, o elo mais fraco da cadeia. E não é apenas porque são um grupo de risco ou mais vulnerável. É também, e muito, porque este País nunca se preocupou em prevenir as consequências do envelhecimento da população e não se soube precaver para o que era, de alguma forma, evitável… as graves falhas na defesa da saúde dos nossos idosos.
Nunca houve um plano para tratar o problema dos idosos. Nunca!
Uma estratégia, uma ideia, uma definição, um caminho… nada!
Nem sequer uma discussão séria sobre o tema, quanto mais um plano.
Todos os estudos recentes dizem, que se nada for feito para o contrariar, Portugal será, daqui a 20/25 anos, o país mais envelhecido da Europa e um dos mais envelhecidos do mundo. Conhecer estes dados, saber que este é um cenário mais que provável, observar a total inoperância do SNS em relação aos mais velhos e não ter a iniciativa de tratar o problema com determinação, enterrando a cabeça na areia como se nada se passasse, é absolutamente inconcebível e uma grande irresponsabilidade.
Os nossos mais velhos, que trabalharam a vida inteira, que lutaram no ultramar, que pagaram os seus impostos, que ajudaram a erguer esta país, estão a ser abandonados pelo seu próprio país, em lares sem condições, em hospitais sem espaços dedicados ou profissionais preparados para os receber, sem apoio médico, sem consultas, sem exames, sem apoio domiciliário… sem nada! Para os idosos, nada! Os nossos pais e os nossos avós estão a morrer e este país à beira-mar plantado nada faz para contrariar a situação. Bem sei que tudo aquilo que se comece a discutir e implementar agora, só terá efeitos práticos daqui a uns anos.
Verdade! Mas ontem já era tarde!
Este governo tem que promover, com caráter de urgência, um amplo debate nacional à volta desta questão. Portugal tem que encarar este tema como um imperativo nacional e começar a discutir a implementação de um verdadeiro Plano Estratégico para o Idoso. Que contemple serviços hospitalares dedicados e de qualidade e que consiga trabalhar em rede, fora do âmbito hospitalar. Com a complementaridade de Cuidados Continuados, Cuidados Paliativos e Equipas de Apoio Domiciliário.
É certo que implicará um esforço significativo e um investimento considerável. Mas que raio… haverá causa mais nobre? Alguma coisa é mais importante que os nossos familiares? Será que queremos viver num país ingrato e hipócrita, que deixa para trás os seus mais velhos? Há dinheiro para a TAP, para o Novo Banco, para tudo e mais alguma coisa. E as pessoas?!
Deixemos de assobiar para o lado.
Andamos a brincar com a vida dos mais velhos!
Exmo. Sr. 1º. Ministro, assim que ficaram asseguradas as verbas que vamos receber de Bruxelas, tratou solicitar a alguém que elaborasse um plano estratégico de investimento, que priorizasse o destino dessas verbas. Esse documento foi, depois, apresentado… com pompa e circunstância.
Pois bem, já que, infelizmente, o referido plano nada contempla quanto a uma profunda reforma na área do idoso, tenha Vossa Excelência a decência e a elevação de solicitar exatamente o mesmo… um estudo, uma reflexão, um plano… o que seja, que dê início a um grande debate nacional à volta desta matéria.
Um dia, vai, inevitavelmente, calhar-lhe a si ou aos seus. Ainda vai a tempo!
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